quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A era dos agricultores


Porque lá no fundo é muito isto, a agricultura faz parte de nós, embora continuemos a pensar que não somos parte dela. É um vídeo de 5 minutos, vale a pena começar, por ver.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

No Outono contam-se as histórias


Cá estamos nós na estação mais castanha e abóbora do ano, o Verão que partiu para Sul deixou-nos uma marca leve, alguns dias de calor, poucos de chuva mas nuvens e temperaturas que nunca quiseram insistir muito acima dos 30º, volta para o ano para nos contares tudo outra vez.

Na horta colheram-se as abóboras, bonitas mas sem grandes quantidades, com muita pena minha os tomates plantados em finais de Julho pouco vingaram, uns finaram-se outros ainda nos mostram duas ou três flores quem breve irão murchar por completo, mas comecemos pelo inicio, afinal já andamos na horta à quase um ano e esta talvez seja uma boa altura para uma introdução mais demorada.

Quando à cerca de um ano atrás a horta renascia, a ideia começou num pequeno canteiro que haveria de dar para três ou quatro variedades, esse canteiro deu luta devido ao famoso escalrracho mas depois foi fantástico, nabiça, nabos, rabanetes, cenouras e rúcula invadiram o espaço que ainda hoje vê por vezes o germinar das sementes que os pardais trataram de espalhar pela terra.
Com o canteiro feito e a dar "frutos" continuou-se, hoje sacha-se aqui e amanha ali, deixavam-se as ervas mais inofensivas secar e depois enterravam-se, no espaço que nascia plantava-se mais, ervilhas, cebolas, alhos, brócolos, acelgas e com o Inverno à porta, as batatas e os morangos.
Este processo levou meses e com isso outras estações chegaram, a Primavera trouxe cores e novas oportunidades para os hortícolas de fruto, beringelas, pepinos, melões  melancias tudo foi plantado enquanto as batatas eram atacadas pelo famoso míldio, colheram-se um pouco mais pequenas mas com a certeza que eram boas.

Nas árvores identificaram-se alguns problemas/pragas que a seu tempo serão abordados, mas uma das maiores dores de cabeça foram as formigas, dos testes que fiz para as levar a deixar o pátio alguns surtiram efeito e outros não tanto, mas como para a frente é que é caminho, cá estamos para aprender e partilhar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Os nutrientes

Sabemos que a composição e a qualidade do solo é um dos factores mais importantes
para o correcto desenvolvimento e sustentabilidade das plantas, esse é aliás um
dos motivos pelo qual o solo merece grande parte da atenção na agricultura biológica.

Se descascarmos um pouco mais laranja e quisermos entrar na composição e nutrição mineral das plantas vamos encontrar aqueles que são os elementos básicos do seu desenvolvimento, os macro e micro nutrientes.

Os macro nutrientes são os elementos necessários em maior quantidade:
  • Carbono
  • Oxigénio
  • Hidrogénio
  • Nitrogénio
  • Fósforo
  • Potássio
  • Cálcio
  • Magnésio
  • Enxofre

Os micronutrientes são os elementos cujas as necessidades são de menor quantidade:
  • Boro
  • Cloro
  • Cobre
  • Ferro
  • Manganês
  • Molibdénio
  • Cobalto
  • Níquel
  • Zinco

De um modo geral consideram-se nutrientes primários o Nitrogénio(N) o Fósforo (P) e o Potássio (K), não admira portanto que na agricultura convencional exista um gosto especial em despejar adubo (o famoso NPK) em tudo o que é planta.
O NPK não é um terrorista mas pode ser um erro que causa grandes debilidades ao nível do solo e da própria planta, é um principio que também se aplica a nós pessoas, se não tivermos uma alimentação equilibrada e variada isso acarreta um custo na nossa saúde, nas plantas funciona da mesma maneira.

domingo, 7 de junho de 2015

O solo

Falar de agricultura biológica sem começar pelo solo é como falar do sistema solar sem o sol, simplesmente não faz sentido.
Embora não percamos muito tempo a pensar no assunto, o solo é base da agricultura, é do solo que qualquer planta (ou animal) retira o seu alimento e é também do solo que a planta define parte das suas estratégias de sobrevivência, o solo é literalmente a base.




Tipicamente os solos podem ser mais arenosos ou mais argilosos sendo num cenário ideal francos, a imagem acima retirada da página do PNPG ilustra a composição volumétrica de um solo, ficamos assim a compreender que um solo é composto por:

  • Matéria mineral
    resulta da da fragmentação ou mineralização e varia de zona para zona.
  • Matéria orgânica
    resulta dos resíduos animais ou vegetais (é decomposta pelos seres vivos/bichos).
  • Ar
  • Água
    ocupam os poros do solo, levando os nutrientes, oxigénio e vida ao subsolo.
Embora numa primeira análise tudo isto pareça simples, o solo é um sistema extremamente complexo e sensível, foi nele e com ele que vida surgiu e continua a surgir após milhares de anos e é dele que dependemos para existir.
2015 foi declarado pela ONU como o ano internacional dos solos e não é porque fica bem, é porque vivemos numa época numa em que o mundo perde anualmente solo arável equivalente a três Suíças.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Um pequeno melro


Este não era o artigo que tinha planeado, mas a natureza por vezes faz das suas e foi assim que no Sábado enquanto estávamos pela horta demos com um pequeno melro fora do ninho.
Ora ali estava algo completamente inesperado, um pequeno melro sozinho e assustado e nós atónicos ainda sem saber o que fazer, com o cair da noite e sem sinais dos pais acabamos por decidir que viria connosco, não tínhamos comida e foi assim que algumas minhocas do compostor acabariam por servir de manjar a pobre criatura.
Embora já fosse tarde ainda conseguimos ainda passar por uma loja para comprar uma embalagem de comida para pássaros insectívoros e uma seringa que viria a ser o biberão, a responsabilidade era grande mas criaram-se as condições.

Demos-lhe o nome de Cenoura, pois grande parte dos Melros tem o bico alaranjado, mas ficámos sempre na dúvida se tínhamos feito bem em o ter resgatado, por um lado sair do ninho sem conseguir voar e ser ajudado pelo pais é um processo natural nos melros, por outro a noite ia cair e os seus maiores predadores (os gatos) não iam dar oportunidade, foi algo instintivo.

Voltamos no dia seguinte e soltámos novamente a Cenoura (sim era uma ela) saltitando escondeu-se entre ervas e um loureiro e foi piando, por uma ou outra vez foi aparecendo um melro adulto, mas o cenário repetiu-se, a noite foi caindo e deixaram de haver sinais, era impossível deixá-lo ali à sua sorte.

Segunda-feira foi um dia de decisões, se inicialmente a nossa ideia era criar condições até que o nosso novo amigo conseguisse voar (não deveria faltar muito pois ele já ia esvoaçando), por outro também não o queríamos humanizar demasiado dado que sua sobrevivência futura ia depender disso, acabámos por contactar o SEPNA que prontamente o veio buscar, o procedimento foi seguir para o ICNF e muito provavelmente para o LxCRAS em Monsanto.

Foram 3 os dias com este pequeno melro que nos encheu o coração de dócil que era, deixou saudades e a esperança que um dia o vejamos por ai em altos voos.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Agrofitness, uma modalidade por criar...

Gosto de pensar que a agricultura não é apenas uma actividade é um desporto, e como todos desportos em que queremos obter resultados satisfatórios ou bons, temos de dar o litro ou pelo menos treinar com regularidade e aprender a técnica.
Mas semelhanças não se ficam pela retórica, tanto num campo como no outro existem duas formas distintas de fazer a mesma coisa, a difícil exige sacrifícios, exige que se aprenda a perder para mais tarde talvez até ganhar (como no xadrez), a fácil exige um risco muitas vezes não calculado anexado a um alto nível de tóxicodependência.
Na generalidade somos pouco tolerantes com o doping desportivo ainda assim todos os dias somos bastante permissivos ao doping de um dos poucos "desportos" do qual realmente dependemos, a agricultura.

Numa altura em que querer estar em forma e promover hábitos saudáveis é tópico, numa altura em que cada vez mais se vêm hortas urbanas e interesse em práticas biológicas, é importante pensar nos meios e é importante pensar nos fins.

Escrito isto vou para o ginásio, está na hora do agrofitness.

terça-feira, 24 de março de 2015

Foi assim que aconteceu

A aventura da horta começou em Setembro, o espaço estava descuidado e sem cultivo há alguns anos, as árvores permaneciam onde sempre as conheci, entre laranjas ameixas e limões tudo resto eram ervas que a cada ciclo se iam rejubilando.

Mas o que leva um gajo dos computadores mais habituado a plantar linhas de código e a colher programas e sem quaisquer conhecimentos de agricultura a por os pés no que há decadas havia sido uma horta?
Uma resposta romântica seria um "não sei ao certo" mas não seria totalmente honesta, tudo começou pela alimentação e pela consciência da minha incosciência e despreocupação ao longo de anos, no entanto também isso começou antes e com algo que não cheguei a perceber bem, percebi que tinha de mudar.

Ainda hoje quando penso no tema acho que seria bem mais fácil limitar-me a comprar os alimentos que uma horta pode dar num mercardo biológico, num produtor, ou até mesmo num conjunto deles como a rede prove, arrisco dizer que até o faço e com isso já aprendi muito, a época das coisas, os horticulas que desconhecia e o sabor dos alimentos... mas depois volta a questão, porquê a horta?
Aqui o "não sei ao certo" é sincero, fui "tomar conta" da horta em tons de brincadeira e acho que foi ela que acabou por tomar conta de mim, são momentos de liberdade e bem estar onde se aprende a programar com a natureza.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O papel das ervas daninhas


O último artigo foi sobre uma erva daninha e normalmente associamos as ervas a coisas chatas... as ervas daninhas também têm o seu papel, este vídeo explica-nos isso.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O escalracho


O escalracho (Panicum repens L) que vulgarmente também é conhecido por "grama" é uma daquelas ervas daninhas que não dão muito prazer de conhecer, infelizmente foi a primeira com que tive oportunidade de lidar e aprender.
Esta não é uma erva vulgar, replica-se com uma facilidade impressionante e consegue ter uma profundidade considerável, outro dos factores que a tornam especialmente difícil de controlar é que apesar de por vezes aparentar estar seca, rapidamente revigora com um pouco de água.
A experiência de campo com o escalracho foi uma das mais demoradas que tive dado que teve de ser retirado um a um e isso implicou cavar um pouco mais fundo que o habitual.

Do conhecimento popular, li que plantar nabo na zona intervencionada pode ajudar a controlar o desenvolvimento futuro e como nada melhor que experimentar foi precisamente o que fiz, passados cerca de 6 meses posso considerar que é residual a quantidade de escalracho mas estamos no pico de um Inverno frio e pouco chuvoso, a prova dos 9 será na próxima Primavera.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Hortagonal

Um dia voltei à horta, o tempo estava quente e os dias ainda eram longos.

Caminhei enquanto olhava em redor, saltaram-me à vista os inquilinos, uns tipos secos e sem graça nenhuma que pelo que conta a história iam dar uma luta feroz, estava cercado, desarmado e sem saber o que fazer…

Fui comprar uma enxada.